Realengo: Armadilhas para acabar com o mosquito da dengue
segunda-feira, 15 de abril de 2013Novas ‘armas’ estão sendo usadas contra um velho inimigo da Cidade do Rio de Janeiro. Para calcular a quantidade de Aedes aegypti e mapear a distribuição do mosquito da dengue pela cidade, a Secretaria Municipal de Saúde espalhou armadilhas pelos bairros. A Ovitrampa consegue recolher ovos do inseto. Já a Mosquitrap captura mosquitos adultos. Com as técnicas, é possível verificar para que regiões devem ser enviados mais recursos no combate ao transmissor do vírus.
E as novidades vão além. A partir do mês que vem, cariocas vão contar com um ‘personal agente’ de endemia. Cada casa da cidade terá o seu profissional específico para orientar no combate ao inseto.
Com a Ovitrampa, é possível analisar a quantidade de ovos do mosquito em cada bairro. Mas não é preciso alto investimento. A armadilha é composta por um pequeno vaso plástico preto, uma espécie de régua de madeira e água com uma substância que atrai a fêmea do Aedes para desovar ali.
ANÁLISE EM LABORATÓRIO
Na primeira semana de cada mês, 3 mil artifícios são espalhados pelos bairros, de forma equidistante, e lá permanecem por uma semana. Quase dois mil agentes fazem o trabalho. “Os ovos são colocados na parte seca da madeira e são contados por técnicos da secretaria. Identificamos aqueles que são de Aedes aegypti e assim podemos ver como está a presença do vetor na cidade”, explica Marcus Vinicius Nunes Ferreira, coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde.
O trabalho com as armadilhas prossegue num laboratório em São Cristóvão, para onde vão as palhetas. Após a contagem dos ovos, os pedaços de madeira são imersos em água destilada para o surgimento das larvas. Técnicos observam os pequenos insetos e identificam filhotes de Aedes. Segundo o último levantamento, em Campo Grande, havia 4,6 mil ovos (63% de Aedes). Nos imóveis no bairro de Realengo, foram encontrados 1,2 mil ovos (72% de aedes).
Já a Mosquitrap é um projeto piloto, parceria com a Fiocruz, que já cobre dez pontos da capital. “Com ela, vemos a quantidade de fêmeas, o que é nossa preocupação, já que são elas que transmitem a doença”, afirma Ferreira. Neste caso, são usados vasos com substâncias adesivas e que atraem os mosquitos. Quando os insetos se aproximam, acabam grudados e morrem.
Imóveis serão visitados sempre pelo mesmo técnico
A partir do dia 26 de maio, todos os agentes de endemia da cidade estarão territorializados, ou seja, terão casas específicas para visitar e combater a dengue.
“Cada agente terá seu próprio território de atuação, bem definido. Será possível saber o nome do agente e acompanhá-lo em seu trabalho. A população poderá até solicitar visita domiciliar”, anuncia Ferreira.
O número de imóveis por profissional varia de 800 a 1,2 mil. O agente passa pelo menos cinco vezes em cada residência, no intervalo de dois meses e meio.
Entre as funções, está eliminar ou vedar focos de dengue, e educar a população.
Moradora de São Cristóvão, a aposentada Margarida Alves, 50 anos, conta que ficou mais consciente dos riscos da dengue depois que começou a receber visitas dos agentes muncipais. A casa onde ela mora com a filha foi uma das milhares escolhidas para receber a Ovitrampa. A armadilha fica no quintal da casa, em um ambiente escuro, o preferido dos mosquitos.
“Nunca tive dengue, mas fico muito atenta aos possíveis focos na minha casa. Acho muito bom o controle que o município faz”, avalia.
COMBATA A DENGUE VOCÊ TAMBÉM
DENUNCIE FOCOS
Na capital do Rio, denúncias de possíveis criadouros do inseto podem ser feitas pelo telefone 1746. O prazo de atendimento é de até cinco dias úteis. Caso o foco seja originado por resíduos, como garrafas, pneus e recipientes deixados em áreas públicas, o recolhimento deve ser solicitado à Comlurb.
RECEBA O AGENTE
Sempre uniformizados e com crachá, o agente de endemia deve inspecionar as áreas interna e externa do imóvel, incluindo caixas d’água e calhas. Caso o depósito não possa ser removido, deve ser tratado com larvicida.
VERIFIQUE SUA CASA
Mais da metade dos criadouros estão concentrados em ambiente doméstico, em locais como o pratinho do vaso de planta e caixas d’água. Dados do LIRAa (Levantamento de Índice Rápido do Aedes) apontam média de 2% de infestação em todo o município (a cada mil imóveis vistoriados, 20 apresentaram criadouros do mosquito transmissor da dengue).
Fonte: O Dia