Pacientes do Into reclamam que filas continuam grandes em Realengo
terça-feira, 11 de junho de 2013Há seis meses, uma fila gigantesca expôs o caos no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), na cidade do Rio de Janeiro. Eram centenas de pacientes à espera de uma cirurgia. Na época, as autoridades de saúde prometeram melhora no atendimento. Mas, desde então, a vida desses pacientes pouco mudou.
Jurema do Carmo Conceição, de 62 anos, já não consegue andar sem as muletas, não sai de casa. E diz que mal pode suportar as dores no quadril. Há 15 anos ela passou por uma cirurgia para colocar uma prótese. Há três a prótese se partiu, depois que ela levou um tombo dentro de um ônibus, causado por uma freada brusca. Ela foi encaminhada para o Into, entrou na fila com número 217 e ainda está à espera da cirurgia, com o número 211.
“Eles falam que operam todos os dias, que eu tenho de esperar a minha vez. Mas como, se a fila não sai do lugar? Tem semanas que passo noites sem dormir mesmo”, reclama a paciente.
O raio-x mostra que a prótese está fora de lugar e um parafuso está quebrado. Dona Jurema, por conta das dificuldades de locomoção, teve que voltar a morar com a filha, Amanda. A filha ajuda bastante. Ela está preocupada com essa fila muito longa de espera, já que o problema de sua mãe está se agravando.
“O médico falou que, conforme o tempo vai passando, há mais chances de rejeição da prótese”, disse a filha.
Em dezembro do ano passado, a equipe mostrou a dificuldade que os pacientes encontravam para marcar uma cirurgia no Into. A espera poderia levar de três meses a quatro anos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou medidas para melhorar o atendimento. Os agendamentos passaram a ser informatizados e foram feitos mutirões de cirurgias.
Mas pacientes afirmam que ainda há muita demora. No Hospital Albert Schweitzer, no bairro de Realengo, na Zona Oeste RJ, Jorge Gustavo Menezes vive um drama muito parecido com a tia de 83 anos. Ele fez imagens no hospital no bairro Realengo onde ela está internada.
Já são quase dois meses internada depois de cair em casa. Dona Leda quebrou a prótese do quadril que a mantinha de pé ha anos. Ela espera por uma vaga para uma cirurgia de urgência no Into, que é uma referência nesse tipo de procedimento. O pedido feito pelos médicos foi negado por e-mail pela equipe do instituto.
Jorge Menezes não sabe mais o que fazer e diz que, segundo os médicos, há um sério risco de o parafuso da antiga prótese, perfurar uma veia e causar uma hemorragia.
“Tem urgência. Ela está acabando. O negócio é aguardar, aguardar, aguardar até quando? Até ela morrer?”, indagou o sobrinho.
O Into argumentou que recebe pacientes de todo o país. Que alguns procedimentos são demorados e exigem a internação por períodos longos. Informou ainda que, até maio, o número de cirurgias cresceu quase 60%. O instituto prometeu apurar a situação dos dois pacientes mostrados na reportagem.
Fonte: G1